// Festival de Cultura Quilombola
Do dia 16 a 20 deste mês, em Belo Horizonte, a segunda edição do Canjerê, Festival de Cultura Quilombola de Minas Gerais, ocupa a Praça de Liberdade e os prédios do Circuito Liberdade com uma intensa programação totalmente aberta e gratuita.

Realizado pela Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais (N’Golo) em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda-MG) e Secretaria de Estado de Cultura, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), o Canjerê tem como objetivo ser um espaço de encontros, aprendizados, debates e trocas, e contribuir para dar visibilidade à cultura tradicional quilombola e à luta das comunidades pelo direito à terra e à vida digna. A iniciativa tem o patrocínio da Cemig, via Edital de Patrocínios do Governo do Estado e da Codemig.
O projeto integra as comemorações dos 45 anos do IEPHA-MG e vem ao encontro das políticas de salvaguarda do patrimônio imaterial e promoção do desenvolvimento agrário em Minas Gerais. A primeira edição do Canjerê foi realizada em 2015, na Funarte/MG e reuniu mais de cinco mil pessoas em três dias de atividades.
Um dos destaques na programação é a Feira de Artesanato, Culinária e Produtos Quilombolas, que reunirá cerca de 50 comunidades e ficará montada na Alameda da Educação durante todo o Festival. A programação contará também com shows de artistas como Mauricio Tizumba e Sérgio Pererê, apresentações artísticas de grupos quilombolas, cortejo de guardas de congado, exposição, oficinas e encontros. São esperados aproximadamente 400 quilombolas de diversas regiões de Minas Gerais para participarão do encontro.
Mais informações pelo site do Circuito Liberdade (acesse aqui).
A Causa Quilombola
Criada em 2005, a N’Golo é formada por cerca de 640 comunidades quilombolas e tem como objetivo representá-las junto ao poder público e à sociedade em geral, articulando a luta pela terra e pelo reconhecimento de direitos, e pela valorização e difusão da cultura quilombola.
Segundo dados do Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (Cedefes), em Minas Gerais existem cerca de 500 comunidades quilombolas identificadas. Contudo, o acesso à informação, ao reconhecimento legal e às ações de apoio econômico e de infraestrutura previstas pelo Programa Brasil Quilombola ainda não são efetivas na maior parte delas.
A palavra Quilombo tem origem africana e significa acampamento ou fortaleza. Alguns documentos do período colonial e imperial apontam que na época o termo quilombo estava relacionado com os espaços ocupados por negros fugidos do sistema escravista. Contudo, ao longo dos anos, devido à luta por direitos empreendida por diversos grupos étnico-raciais, e assimilada por instituições, como a Fundação Palmares, o conceito foi reformulado. De acordo com o Decreto 4887/2003, comunidades quilombolas são: “grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida”.
Com isso, hoje, está associado às comunidades quilombolas um leque diferenciado e extenso de práticas, experiências e sentidos que têm em comum questões de auto-atribuição de identidade étnica, territorialidade, origem escrava e ancestralidade negra com cunho eminentemente identitário, sem deixar de ser a representação da resistência por direitos a uma participação política efetiva.
Programação do Festival Canjerê
// Feira Quilombola
Cultura, artesanato, culinária e produtos quilombolas
Dia 18, sexta-feira, de 17h às 22h
Dia 19, sábado, de 10h às 22h
Dia 20, domingo, de 10h às 18h
Alameda da Educação
// Programação Cultural
Sexta-feira, 18 de novembro.
A partir de 18h
Subida do mastro com o Candombe do Matição, a Guarda de Moçambique de São Benedito de Carrapatos da Tabatinga
Tião Farinhada Cantador Popular
Sábado, 19 de novembro.
Das 10h às 22h
Dança de Roda de São Félix,
Batuque de Praia
Batuque de Gurutuba
Descambado de Córrego Mestre
Batuque de Umbigada de Maitaca
Sussa de Buriti do Meio
Caboco do Surubim de Moça Santa
Negro por Negro de Sapé e Marinhos
Mironê de Carrapatos da Tabatinga
Iluayê Cantando Rodas de Santa Cruz, Água Preta de Cima e Água limpa
Coral Vozes de Campanhã de Justinópolis
Coral de Boa Morte
Felipe Nascimento de Manga
Breaking no Asfalto
Domingo, 20 de novembro.
Das 10h às 22h
Cortejo e descida do mastro com o Congado de Berilo, Chapada do Norte e Minas Novas, a Guarda de Moçambique São Benedito de Carrapatos da Tabatinga, o Catopê do Serro, a Guarda de Moçambique Sagrado Coração de Jesus – Irmandade Os Carolinos, a Marujada de Córrego Cachoeira, a Marujada de Santiago e a Irmandade do Rosário dos Arturos // Concentração a partir de 10h
Candombe (Açude)
Capoeira Kizomba (Manzo Ngunzo Kaiango)
Camilo Gan e Samba de Terreiro
Sérgio Pererê e Mauricio Tizumba
// Debates
Patrimônio cultural e territórios tradicionais
Com representantes da N’Golo, IEPHA, INCRA e IPHAN
16/11, quarta-feira, 17h às 19h
Centro Cultural Banco do Brasil
Quilombos urbanos: identidade e conflitos
Com representantes da N'Golo, UFMG e Defensoria Pública da União
18/11, sexta-feira, 16h às 18h
Memorial Minas Gerais Vale
Território e direitos quilombolas
Com representantes da N'Golo, PUC e Ministério Público Federal
19/11, sábado, 10h às 12h
PUC Minas Praça Liberdade
Quilombolas e a conjuntura política atual
Com representantes da N'Golo, CONAQ, INCRA, UFMG e Secretaria de Desenvolvimento Agrário de Minas Gerais
19/11, sábado, 14h às 16h
PUC Minas Praça da Liberdade
// Exposição
Quilombolismos de todo dia: as muitas buscas pela liberdade no cotidiano da escravidão
Com documentos, gravuras e objetos do séculos XVIII e XIX do Arquivo Público Mineiro
Curadoria: Ricardo Riberio
17/11 a 20/11, quinta-feira à domingo, 17 às 20h
Memorial Minas Gerais Vale
// Oficinas
Não são necessárias inscrições prévias
Vagas limitadas
Áudiovisual quilombola, com Tiago Geifler
18/11 e 19/11, sexta-feira e sábado, 14h às 17h
Memorial Minas Gerais Vale
Turbantes e beleza negra, com Sirlene Passold (Manga)
19/11, sábado, 10h às 12h30
Espaço do Conhecimento UFMG
Culinária quilombola, com Cássia (Manzo Ngunzo Kaiango) e Tuquinha (Chacrinha dos Pretos)
19/11, sábado, 15h às 17h
Centro de Arte Popular CEMIG
// Encontros
Chá com as Matriarcas de comunidades quilombolas da Região Metropolitana
17/11, quinta-feira, 17h às 19h
Memorial Minas Gerais Vale
Brincadeiras e Contações de histórias, com Marielle Brasil e Isis Balbino – Mabra Cultural
Programação infantil
19/11, sábado, 09h às 11h30 e 14h às 18h
Alameda da Educação
Roda de percussão, com o bloco afro Magia Negra
19/11, sábado, 15h às 17h
Museu Mineiro
Trocas de sementes crioulas
Entre as comunidades participantes da feira
19/11, sábado, 15h às 17h
Casa Fiat de Cultura
// Programação Associada ao Circuito Liberdade
Visita temática à mostra Do Outro Lado do Desenho, com Clarita Gonzaga
19/11 e 20/11, sábado e domingo, 11h, 14h e 16h
Casa Fiat de Cultura
Ateliê Aberto Bonecas Abayomi de Papel, com Clarita Gonzaga e Biana Spósito
20/11, domingo, 10h (para crianças até 12 anos), 13h e 16h Casa Fiat de Cultura
Visita temática: o percurso Território Negro na exposição Demasiado Humano
16/11, quarta-feira, 11h, e 18/11, sexta-feira, 16h
Espaço do Conhecimento UFMG
Exibição do documentário Dandaras: a força da mulher quilombola
16/11 a 18/11, quarta-feira à sexta-feira, 20h
19/11 e 20/11, sábado e domingo, 20h e 21h30
Espaço do Conhecimento UFMG
Exibição do vídeo Africanidade - Série Educação e Cidadania 16/11 a 20/11, quarta-feira à domingo, 20h30 e 21h
Espaço do Conhecimento UFMG
Texto e Fonte: Circuito Liberdade (adaptado).
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